quarta-feira, 28 de maio de 2008

o bolo de consciência limpa

O clima infernal – digo, tropical – parece aumentar a energia cinética das idéias. Olho ao redor e vejo uma possível valorização das ações da Embraer, assim como o crescimento exponencial de evangélicos, emos e, a não menos importante, aproximação das eleições do departamento de ciências jurídicas. Escolhi um tema ao acaso e aqui estou, falando sobre o contexto que antecede as eleições, marcada para os dias 9 e 10 de abril.

Pois bem. Nossa instituição está longe da perfeição, é verdade. Mas o problema da falta de mobilização estudantil precede qualquer outro, principalmente quando se considera o momento que vivenciamos.

A verdade é que os alunos do nosso curso às vezes me lembram Mersault, personagem do livro “O estrangeiro”, de Albert Camus (vocês leram a matéria anterior? Coincidências existem!). Sua indiferença para com os problemas do curso muitas vezes me assusta. Mas será que isso acontece por que ser “blasé” está na moda? Quem sabe. Uma conjetura: Talvez o Sol, que atormenta e influencia diretamente a vida de Mersault, possa ser substituído pelo doce perfume de excrementos felinos que proporcionam campeonatos de apnéia nos corredores do CCHL.

Outro dia os alunos de medicina fizeram greve. Você não entendeu errado, amigo leitor, os ALUNOS fizeram greve. Mas por que isso parece tão estranho para nós, que estudamos filosofia, ciências políticas e adoramos proferir um enorme “blábláblá” sem erros ortográficos?

É claro que não podemos nos comparar a um estudante de 1989, que sofre influências da queda do muro de Berlim, do fim da ditadura e da tão promissora constituição de 1988. Hodiernamente, qual notícia é mais importante: o “paredão” do Big Brother ou a intimidade de Britney Spears? Não sei, mas duvido muito que um estudante de Direito que esteja alheio à política da universidade esteja preparado para ajudar a tornar o Brasil mais justo.

Segundo Napoleão, todo homem luta com mais bravura pelos seus interesses que pelos seus direitos. Suponhamos que os interesses da maioria dos estudantes sejam guiados apenas pela cegueira dos concursos, e que estes desconheçam a abnegação. Será que nesse caso nós não poderemos atingir mais facilmente nossos interesses lutando pelos nossos direitos?

Devo lembrá-los que quando falo em “estudantes” me refiro também ao autor deste texto - que saiu, mas volta logo. Assim, me parece que se tivermos uma diretoria do CACC organizada e um jornal, que através da circunspeção e ousadia (por que não?), possa cativar o leitor, provavelmente vivenciaremos grandes transformações. “A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados” – assinala o Barão de Itararé. Quem se importa?

Nos últimos concursos públicos voltados para a área jurídica se observa que nossa instituição não predomina como antes. Temo que algo só seja feito quando o índice de aprovação da OAB não nos favorecer, pois aí pode ser tarde demais.

Dessa forma, concito meus colegas a fazer a sua parte, que no momento consiste em votar. O fato insólito é que pela primeira vez em dez anos não haverá chapa única. Esta é a nossa chance de dar a volta por cima e sair da universidade com o diploma de bacharel em cidadania.

...Ricardo Alves... (riamm@hotmail.com)
Diretor do CACC e aluno do 3º período


Nenhum comentário: